Submission Number: 221
Submission ID: 222
Submission UUID: 5161966f-22a0-4638-98e6-52199bc8411d

Created: Fri, 09/20/2024 - 13:55
Completed: Fri, 09/20/2024 - 13:55
Changed: Fri, 09/20/2024 - 17:43

Remote IP address: 10.2.0.212
Submitted by: Anonymous
Language: Portuguese, Brazil

Is draft: No
Arhon Inacio dos Santos
Tem-se, no dado abaixo, novamente uma tipologia corporal estigmatizada; referindo-se ao corpo de uma pessoa como "gordo", o narrador delineia, de forma clara, uma oposição entre o que ele enxerga como qualidades — aquelas que o jornal atribuiu a Julião — e o que ele enxerga como diametralmente oposto a isso: os defeitos. Elencando-os, pode-se observar, em primeiro lugar: "gordo". Trata-se, portanto, de uma característica que o narrador impõe como sendo negativa e válida de demarcação, a fim de diferenciar Julião Tavares dos demais.

O objetivo do uso da imagem corporal como dispositivo narratológico fica claro ao analisar os próximos adjetivos, que remetem a excesso e a uma personalidade expansiva, sendo diretamente associados a única qualidade corpórea que o autor mobiliza no trecho, contribuindo para estigmatizar corpos de acordo com as suas dimensões.
Corpo físico
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“Foi por aquele tempo que Julião Tavares deu para aparecer aqui em casa. Lembram-se dele. Os jornais andaram a elogiá-lo, mas disseram mentira. Julião Tavares não tinha nenhuma das qualidades que lhe atribuíram. Era um sujeito gordo, vermelho, risonho, patriota, falador e escrevedor.” (RAMOS, Graciliano. Angústia. Rio de Janeiro: Record, 2023. p. 53)
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