Submission information
Submission Number: 247
Submission ID: 248
Submission UUID: acb190db-3022-4530-b1cb-7b9b83a8ab93
Submission URI: /form/insercao-de-dados
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Criado: Sex, 10/04/2024 - 09:22
Completed: Sex, 10/04/2024 - 09:22
Alterado: Sex, 10/04/2024 - 09:22
Remote IP address: 10.2.0.212
Submitted by: Anônimo
Idioma: Portuguese, Brazil
Is draft: Não
Webform: Inserção de dados
Arhon Inacio dos Santos
No excerto selecionado de Angústia é possível identificar uma associação comportamental da personagem Marina com a de uma prostituta, insulto comumente usado para diminuir e recriminar mulheres. O ataque verbal é feito por parte do protagonista, Luís, que ao tentar lidar com sentimentos contraditórios que tem pela moça, reage de forma misógina e a assedia quando está caminhando pela rua.
"— Sim, senhora. Muito digna, levanta a cabeça.
Marina estremeceu e olhou de esguelha para os lados, como se procurasse auxílio.
— Levanta a cabeça. Deixa de inocência.
Aqueles modos pudicos, aqueles movimentos quase imperceptíveis das pálpebras roxas que velavam olhos inúteis, irritavam-me. Lembrei-me dos armadores que rangiam, das cantigas, dos banhos ruidosos. E atirei-lhe à cara, com raiva:
— Puta!
Marina ouviu isto sem se revoltar. Apenas ficou mais branca, estirou o beiço quase chorando.
— Me largue, balbuciou.
— Está bem. Ninguém tem nada com isso, não é? Vamos andando. Puta!
Dizia-lhe o insulto, mas estava cheio de piedade. Não sentia cólera, o que sentia era desgosto. Marina estava como uma defunta em pé."
(RAMOS, Graciliano. Angústia. Rio de Janeiro: Record, 2011, p. 191-2)
Marina estremeceu e olhou de esguelha para os lados, como se procurasse auxílio.
— Levanta a cabeça. Deixa de inocência.
Aqueles modos pudicos, aqueles movimentos quase imperceptíveis das pálpebras roxas que velavam olhos inúteis, irritavam-me. Lembrei-me dos armadores que rangiam, das cantigas, dos banhos ruidosos. E atirei-lhe à cara, com raiva:
— Puta!
Marina ouviu isto sem se revoltar. Apenas ficou mais branca, estirou o beiço quase chorando.
— Me largue, balbuciou.
— Está bem. Ninguém tem nada com isso, não é? Vamos andando. Puta!
Dizia-lhe o insulto, mas estava cheio de piedade. Não sentia cólera, o que sentia era desgosto. Marina estava como uma defunta em pé."
(RAMOS, Graciliano. Angústia. Rio de Janeiro: Record, 2011, p. 191-2)
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